domingo, 14 de abril de 2013

Por que o Buffett não paga dividendos?

Nos últimos anos o rendimento da holding do Buffett vem decepcionando muitos investidores. Só para se ter uma ideia, nos últimos dez anos o rendimento anual das ações da Berkshire perdeu para o S&P500 cinco vezes. Nos outros 38 anos anteriores isso só tinha ocorrido quatro vezes. Em razão disso, muitos investidores reforçaram a cobrança por pagamentos de dividendos. Essa cobrança repercute em muitas matérias na mídia e o Buffett se viu obrigado a explicar porque não paga dividendos. Na verdade, a holding dele pagou apenas uma vez dividendos em 1967 e ele disse, brincando, que deveria estar no banheiro na hora que decidiram isso.


Na carta anual ao seus investidores desse ano, ele apresentou a seguinte explicação do porquê não pagar dividendos:

"Vamos começar assumindo que você e eu somos igualmente os donos de um negócio com US$ 2 milhões de patrimônio líquido. O negócio ganha 12% sobre o patrimônio líquido tangível - $ 240.000 - e pode-se razoavelmente esperar ganhar os mesmos 12% sobre os lucros reinvestidos. Além disso, há pessoas de fora que sempre desejam comprar o nosso negócio a 125% do patrimônio líquido. Portanto, o valor de cada um de nós é hoje de US$ 1,25 milhões.

Você gostaria que nós dois acionistas recebêssemos um terço do lucro líquido anual de nossa empresa e que dois terços fossem reinvestidos. Você considera que este plano vai equilibrar muito bem as suas necessidades, tanto para a renda atual quanto para o crescimento de capital. Então você sugere que se pague US$ 80.000 do lucro líquido e se retenha 160.000 dólares para aumentar os ganhos futuros da empresa. No primeiro ano, o seu dividendo seria de $ 40.000, e como o lucro cresceu e a distribuição de um terço foi mantida, então seu dividendo também cresceu. No total, os dividendos e o valor de ações vão aumentar 8% cada ano (12% de ganho do patrimônio líquido menos 4% do valor líquido pago).

Depois de dez anos a nossa empresa teria um patrimônio líquido de 4.317.850 dólares (o original de $ 2 milhões composto em 8%) e seus dividendos no próximo ano seriam $ 86.357. Cada um de nós teria ações no valor de $ 2.698.656 (125% da nossa metade do patrimônio líquido da empresa). E que viveríamos felizes para sempre – com os dividendos e o valor das nossas ações crescendo continuamente a 8% ao ano.

Há uma abordagem alternativa, no entanto, que nos deixaria ainda mais feliz. Sob este cenário, se deixaria todo o lucro com a empresa e cada um de nós venderia 3,2% de nossas ações anualmente. Como as quotas seriam vendidas a 125% do valor contábil, essa abordagem poderia produzir os mesmos US $ 40 mil em dinheiro, inicialmente, uma quantia que cresceria anualmente. Essa alternativa será chamada de "sell-off".

Sob este "sell-off" cenário, o patrimônio líquido da nossa empresa aumenta para $ 6.211.696 após dez anos ($ 2 milhões composto em 12%). Como nós venderíamos nossas ações a cada ano, a nossa participação percentual seria diminuída, e, depois de dez anos, teríamos cada 36,12% do negócio. Mesmo assim, a sua parte líquida da empresa seria 2.243.540 dólares. E, lembre-se, cada dólar de patrimônio líquido atribuível a cada um de nós pode ser vendido por US$ 1,25. Portanto, o valor de mercado de suas ações remanescentes seria $ 2.804.425, cerca de 4% maior do que o valor de suas ações, se tivéssemos seguido a abordagem de dividendos.

Além disso, seus recebimentos anuais da política de sell-off estariam agora 4% maiores do que você teria recebido sob o cenário de dividendos. Voila! - Você teria tanto mais dinheiro para gastar anualmente e maior valor de capital.

Este cálculo, naturalmente, supõe que a nossa empresa hipotética pode ganhar uma média de 12% ao ano em patrimônio líquido e que seus acionistas podem vender suas ações por uma média de 125% do valor contábil. Para esse ponto, o S&P500 ganha consideravelmente mais do que 12% sobre o patrimônio líquido e é vendido a um preço muito acima de 125% do que o valor líquido.

Ambas as hipóteses também parecem razoável para Berkshire, embora certamente não assegurada. Além disso, do lado positivo, há também a possibilidade de que os pressupostos serão ultrapassados. Se o forem, o argumento para a política de sell-off torna-se ainda mais forte. Ao longo da história da Berkshire - reconhecidamente uma que não será perto de ser repetida - a política de sell-off teria produzido resultados para acionistas dramaticamente superior ao da política de dividendos."

"Vou pagar ZERO de dividendo", respondendo a mais uma pergunta sobre isso.
Para reforçar a sua explicação, o Buffett cita ele mesmo com exemplo. Disse que nos últimos 7 anos tem vendido 4% de sua participação ao ano e que isso resultou na redução de 712 milhões para 528 milhões de ações. No entanto, o seu patrimônio, ainda assim, subiu de 28 para 40 bilhões de dólares no mesmo período.

Analisei detidamente essa calculeira dele para entender porque o método sell-off é melhor do que a distribuição de dividendo. O segredo da mágica está em duas coisas: no custo de oportunidade e no ágio dos papeis.

Sobre o custo de oportunidade, ao deixar o lucro com a empresa, ele presumiu que esse lucro também vai ser reinvestido à taxa de 12% que arbitrou. Quando se recebe um terço como dividendo, esse dinheiro ele presume que você gastou, ou seja, não investiu em nada, e apenas os outros dois terços foram reinvestidos a uma taxa de 12%, o que dará uma rentabilidade média de 8% (12 x 2/3).

No entanto, a presunção dele de que você vai gastar nem sempre é válida. Pode ser que o investidor quer o seu um terço em dividendo para investir, às vezes até em uma empresa que esteja rendendo mais de 12%. Mas vamos presumir que ele reinvestiria na própria Berkshire comprando mais papeis, e nesse caso o rendimento total voltaria a ser 12% e não 8%. Se estaria fazendo uma troca, o valor do papel cresceria a 8%, mas o investidor teria mais 4% de papeis, no final das contas, o seu patrimônio que é o produto do valor do papel pelo número de papeis seria o mesmo. Ou seja, se o investidor recomprar mais ações com o dividendo recebido o argumento do Buffett estaria neutralizado, pois tudo ficaria elas por elas.

Mas então como o método sell-off, vendendo aos poucos sua participação, ainda assim gerou mais valor para o investidor do que recebendo dividendos? Aqui entra o ágio nos papeis. Buffett presumiu que os papeis seriam vendidos a um preço 25% maior que o patrimônio líquido. Não que isso seja um problema, muito pelo contrário, o ágio existe mesmo, só verificar que a maioria das empresas tem p/vp maior que 1.

Então, para obter o rendimento de $ 40.000 por ano, ele não precisava vender 4%, mas apenas 3,2% de sua participação, que com o ágio do mercado teria o valor de 4%. A diferença de 0,8% não precisaria ser vendida, continuando rendendo 12% ao ano e ao final de dez anos daria a diferença que deu no total.

Se o Buffett monta um novo negócio ou por negociação direta compra uma empresa investindo 1 milhão, o preço desse negócio vai se refletir na bolsa por 1,25 milhão. Assim, o investidor que receber os dividendos, ao recomprar mais ações estaria pagando um preço maior, com ágio, e isso faria o investidor comprar menos papeis do que deveria para igualar o rendimento caso o dividendo não fosse distribuído. 

Além desses argumentos, Buffett apresenta outros dois para não se distribuir os dividendos. Primeiro, que não se chegaria a um consenso sobre qual percentual do lucro seria distribuído. Pois haveria investidores querendo todo tipo de percentual, afinal são 600.000 investidores. E segundo, e muito importante, nos EUA o investidor paga imposto sobre os dividendos. Isso corrói valor, pois a empresa pagou imposto sobre o lucro líquido e depois, caso parte desse lucro vire dividendo, o investidor paga de novo. É bitributação mesmo. Isso pelo menos não ocorre no Brasil. O dividendo é rendimento não tributável.

Eu pessoalmente não me preocupo muito com o percentual de pagamento de dividendos, famoso Dividend Yield. O fato da empresa pagar dividendos pode nos garantir apenas que lucro a empresa teve, pois se não houver lucro não tem de onde sair os dividendos. No entanto, o inverso não é verdadeiro, o fato da empresa não pagar dividendos não significa que a empresa não tenha lucro. Ela pode estar represando o lucro para reinvestir. Então, em vez de se preocupar com o dividend yield, é melhor olhar logo se a empresa tem lucro e se tem perspectiva de fazer bons investimentos com esse lucro, caso não os distribua.

Se quiser saber mais sobre DY, leia esse post passado, onde mostrei que um backtest de investimento baseado em DY contrariava a popular conclusão de que quanto maior o DY melhor.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O que é diversificação para o Buffett?

Quando um investidor de longo prazo, de estilo buy and hold, vai justificar o porquê de uma carteira com tão poucos papeis, ele logo cita Warren Buffet para respaldar sua estratégia. E vários outros investidores de longo prazo fariam o mesmo. É verdade que Buffett já condenou a diversificação diversas vezes. Isso é bem conhecido de todos os investidores. Vou citar duas frases atribuídas a ele:

"Wide diversification is only required when investor do not understand what they are doing."

"Grande diversificação é apenas requerida quando o investidor não entende o que está fazendo."

"Diversification is a protection against ignorance. It makes very little sense to those who know what they are doing."

"Diversificação é a proteção contra a ignorância. Ela faz pouco sentido para aqueles que sabem o que estão fazendo"

Mas eu fiquei me perguntando o que exatamente ele consideraria uma diversificação exagerada? Para responder essa pergunta eu comecei uma pesquisa na internet. Eu queria saber dele, Buffett, o que ele pensa sobre o assunto, e não saber de um escritor de livros sobre o Buffett o que ele acha que o Buffett pensa. Minha primeira parada foi neste ótimo documentário de 2009 sobre a vida do Buffett.

Fazendo um parenteses, a frugalidade desse homem é impressionante. Se eu fosse bilionário, tivesse mais de 80 anos e passasse várias horas sentado por dia, eu iria querer a melhor cadeira existente, ou até mandaria projetar uma específica para mim. No entanto, a minha cadeira de trabalho parece ser de melhor qualidade que a dele.

Voltando a diversificação, veja o que o Buffett diz em 11:10:



"If somebody owns 50 stocks, can they really like the one the rank as the number 50 as well as the one they rank as number 1? Can they know them as well? I don't thing so."

"Se alguém tem 50 papeis, será que ele gosta tanto da quinquagésima do ranking, quanto ele gosta da primeira colocada? É possível ele conhecer as duas tão bem? Eu acho que não." 

Então já temos um teto. Cinquenta papeis é demais. E quarenta e nove? Vinte? Dez? Cinco?

Encontrei também esse vídeo de uma palestra em um MBA. Em 1:10 ele responde o seguinte: 

"A pergunta é sobre diversificação e eu tenho duas respostas para isso. Se você não é um investidor profissional, se sua meta não é gerenciar recursos para obter retorno significante melhor que o mundo, então eu acredito em diversificação extrema. Eu acredito que 98, talvez mais de 99% das pessoas deveriam diversificar e não fazer trades. Então sobra para elas os fundos de investimentos em índice, uma decisão de baixo custo. Tudo que eles estão fazendo é sendo dono de parte dos EUA. Eles decidiram que ser dono de parte dos EUA vale a pena. Eu não questiono isso. Agora se eles quiserem por em jogo decisões intensas, começar analisando empresas e decidir por esforço e tempo na decisão, então eu acho que diversificação é um erro terrível. Se você realmente conhece as empresas, você não deveria ter mais do que 6 delas. Se você conseguir identificar 6 excelentes empresas, essa é toda a diversificação que você precisa. Você vai ganhar muito dinheiro. Eu posso garantir que investir mais na sétima empresa do que na primeira é um erro terrível. Poucas pessoas ficam ricas com a sétima melhor opção, mas muitas ficam ricas com a melhor opção. Eu diria que para qualquer pessoa trabalhando com capital normal que realmente conhecem as empresas em que está entrando, 6 é o suficiente. Eu pessoalmente não diversifico e todas as pessoas que conheço que estão indo bem não diversificam."


Essa palestra foi dada em 1998, não sei se ele ainda pensa assim, mas vamos considerar que sim. A primeira observação é que ele acha que quase todo mundo deveria investir passivamente em um fundo de índice. Isso seria a regra geral para os investidores. É simples e barato. Apenas um pequeno grupo, uma exceção a regra geral, deveria gerir sua própria carteira. Esse grupo, no entanto, teria que despender esforço e tempo na análise de empresas para encontrar as eleitas.


Buffet diz que essas pessoas devem realmente conhecer as empresas. Aqui que está o problema. Isso para mim é vago. Até que ponto deve o investidor se aprofundar na empresa para se considerar realmente um conhecedor dela e justificar sua exceção a regra geral? 


Será que precisaria conhecer as instalações fabris in loco? Conhecer o corpo diretor ou até o corpo gerencial? Conhecer a dinâmica no mercado em que a empresa se inscreve? Conhecer também as empresas concorrentes para comparação? Frequentar todas as assembleias ou pelo menos ouvir a teleconferência? Ou bastaria apenas ler os balanços trimestralmente?


Não sei a resposta disso. Mas dá para saber se o investidor é exceção ou deve voltar a regra geral. Quem vai dizer isso é o rendimento de sua carteira. Se depois de um prazo suficiente para gerar um histórico de rendimento, se a carteira estiver rendendo muito pouco acima, igual ou abaixo do que um fundo índice rende, então é melhor resignar-se e investir num fundo índice. Por isso é tão importante calcular e acompanhar o rendimento de sua carteira. No post "Benchmark correto para sua carteira", eu explico como fazer essa comparação.


Mas continuando com o que o Buffett pensa sobre diversificação fui pesquisar o que ele então faz com seus investimentos. Nada melhor para saber o que ele pensa sobre isso do que verificar na prática o que ele faz a respeito da diversificação. A resposta está em suas cartas anuais aos investidores.


Buffett é gestor da empresa holding Berkshire Hathaway Inc, que vale cerca de US$ 250 bilhões no mercado dos quais US$ 50 bilhões são do próprio Buffett. Essa empresa é proprietária de diversas outras, chamadas subsidiárias, que por sua vez podem ser proprietárias de outras. Pela última carta ao investidor compõem a holding as seguintes empresas:


Berkshire Hathaway Reinsurance Group (seguradora)

General Re (seguradora)
GEICO (seguradora)
BNSF (companhia ferroviária)
MidAmerican Energy (distribuidora de energia elétrica e gás natural)
HomeServices ( holding de várias corretoras de imóveis)
Marmon (uma holding de 150 empresas)
McLane Company (distribuidora de alimentos)
Acme Building Brands (fabricante)
Benjamin Moore (fabricante)
Johns Manville (fabricante)
Shaw (fabricante)
MiTek (fabricante)
Fruit of the Loom (roupas)
Forest River (fabricante de veículos de lazer)
IMC Metalworking Companies (ferramentas de cortes de metal)
CTB (fabricante de equipamentos agropecuários)
Nebraska Furniture Mart (varejo de móveis)
R.C. Willey (varejo de móveis)
Star Furniture (varejo de móveis)
Jordan’s (varejo de móveis)
Borsheims, Helzberg and Ben Bridge (3 joalherias)
See’s Candies
Pampered Chef (acessórios de cozinha)
Oriental Trading Company (suprimentos de escolas)
Lubrizol (produtos químicos)
Clayton Homes (construtora de casas)
XTRA (equipamentos de transporte)
CORT (aluguel de móveis)
28 jornais impressos
NetJets (concessionária de aviões)

Parei aqui. Isso é o principal, mas não é tudo. Sempre tem um "outros" ao final das citações das empresas. Veja que tem de tudo, setores regulados e não regulados, varejo, indústria, commodities,  supérfluos,  bem de consumo, bem durável e serviços variados.


Desculpem, mas se isso não é diversificação, o que será então? Ou o que ele prega só vale para os outros?


E ele nessa carta reconhece indiretamente sua diversificação quando cita como vantagem as múltiplas possibilidades de negócios:



"And here we have an advantage: Because we operate in so many areas of the economy, we enjoy a range of choices far wider than that open to most corporations."


"E aqui temos uma vantagem: Como operamos em muitas áreas da economia, temos um leque de opções muito mais amplo do que o aberto para a maioria das empresas."


Ainda não está convencido de que ele está bem diversificado?


Pois isso não é tudo. No geral, a Berkshire ou é proprietária integral ou majoritária dessas empresas citadas, portanto controladora dessas empresas. No entanto, a Berkshire ainda é acionista minoritária (sem controle) das seguintes empresas, com valores que variam de 1 a 15 bilhões de dólares por empresa:


American Express Company
The Coca-Cola Company
ConocoPhillips 
DIRECTV
International Business Machines Corp
Moody’s Corporation
Munich Re 
Phillips
POSCO
The Procter & Gamble Company
Sanofi
Tesco plc
U.S. Bancorp
Wal-Mart Stores, Inc
Wells Fargo & Company

Além é claro de "Outras" que ele não discrimina na carta.


Eu poderia ter parado a pesquisa por aqui. A diversificação dele é patente, mas resolvi pesquisar nas cartas passadas e veja o que encontrei na carta de 2004 que nas palavras dele confirmam a diversificação:

"Between 1964 and 2004, Berkshire morphed from a struggling northern textile business whose intrinsic value was less than book into a diversified enterprise worth far more than book."

"Entre 1964 e 2004, Berkshire se transformou de uma problemática empresa têxtil do norte cujo valor intrínseco era menor do que o contábil em uma empresa diversificada que vale muito mais do que o seu valor contábil."


E ele ainda quer que você compre só 6 papeis. Com certeza uma carteira com 6 papeis tem um potencial de valorização muito maior  (ou muito menor) do que uma com 60, mas isso cobra um preço, uma volatilidade monstro. Haja coração para tanta emoção e obstinação para manter-se na estratégia.


Uma estratégia de investimento pode levar anos para mostrar seus resultados, é mais fácil desistir pelo caminho, mais fácil ainda depois de uma grande queda. Ou você acredita que algum buy and hold olha cotação só uma vez por ano? De hora em hora é mais próximo da realidade. Enquanto isso o portfolio dele é toda intertravado por setores econômicos descorrelacionados.

Conclusão

Se você quiser fazer parte do 1% dono de seu próprio nariz, prepare-se para estudar, ler, dedicar-se. Ainda assim você corre o risco de ver o seu esforço não valer a pena e não obter uma vantagem sobre o mercado. Nesse caso, aceite a realidade e aplique num fundo de índice. Para isso, desde o primeiro dia de investimento, rastreie a rentabilidade de sua carteira de forma precisa. Não se engane. Só ela vai dizer se seu esforço está sendo recompensado ou não.


E mesmo que você só olhe cotação uma vez por ano e saiba tudo de suas empresas e almoce todo dia com os CEOs das suas empresas, lembre-se: eles não têm as rédeas sobre tudo que pode acontecer com elas. Catástrofes naturais, intervenções governamentais, sabotagem, novas tecnologias patenteadas por concorrentes, mudança de comportamento do consumidor, todas estão fora de suas alçadas de controle.


Então, avalie os riscos em que esteja incorrendo pela concentração de ativos. Assim como tem muitos vencedores que apostaram em 6 papeis, deve ter um número maior ainda de perdedores que apostaram em 6 ou menos papeis. Mas esses últimos nunca aparecem, menos ainda ficam famosos.


Você é o único responsável pelo destino de seus investimentos, seja no sucesso quanto no fracasso.

E por último, mas não menos importante, nunca, jamais, never, ever faça All in.


Sucesso a todos nos investimentos,

Primeiro Bilhão

sexta-feira, 29 de março de 2013

Rentabilidade - Março de 2013

Olá a todos os amigos,

Estou vindo prestar contas da carteira PB. Este mês tinha começado muito mal com a carteira perdendo duplamente. Perdia porque entrou no negativo e porque perdia também para o Ibovespa. Assim foi se arrastando até o dia 20, daí em diante foi se recuperando, passou o Ibovespa e no penúltimo dia entrou no positivo. Ufa, que alívio. Então considero que o resultado foi ótimo.

A carteira obteve um rendimento de 0,92% contra queda de 1,87% do Ibovespa, o que me deu uma vantagem de 2,84%, superando com folga a minha meta. Isso em grana significou R$ 1.200,00 a mais. O rendimento acumulado desse ano é de 8,54% e o acumulado geral de 25,83%. Veja o quadro abaixo para os detalhes.


Este mês aportei R$ 30.000,00, porque em janeiro e fevereiro não tinha aportado nada. Novo aporte só em maio.

A carteira teve um grande giro, porque o meu sistema de compra e venda se orienta pelos balanços e como diariamente tinham novos balanços isso ia confirmando ou não os ativos da carteira e dava compra para outro quando necessário.

Foram vendidos: abcb4 (bom lucro), mrve3 (prejuízo pequeno), sapr4 (prejuízo pequeno), eqtl3 (bom lucro), card3 (prejuízo grande) e sbsp3 (bom lucro). 

Novos ativos: vivt3, whrl4, prbc4, embr3, kelp3, coce3 e tris3. Todas entraram já gerando lucro.

Posições aumentadas em: autm3, bema3, cgra4, even3, prvi3, unip6, eter3, hbor3, sled4 e csmg3.

A carteira atual ficou assim:


Recebi R$ 173,00 de proventos vindos de bbas3 e eter3.

Esse mês jurei a mim mesmo nunca mais comprar no fracionário.

Sucesso a todos.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Benchmark correto para sua carteira

Depois de você estudar tanto as opções de investimento e montar sua carteira, você vai precisar saber se a sua estratégia de seleção de ativos é eficaz. Eficaz aqui no sentido de que a sua estratégia agrega valor a sua carteira além do que você conseguiria passivamente, ou seja, sem estudar e aplicar estratégia alguma. Para isso então você vai precisar de um benchmark. A origem dessa palavra, benchmark, vem dos levantamentos topográficos nos quais se talhava uma marca em construções ou rochas para indicar um altitude. Essa marca era usada como referência de nível para os demais objetos da redondeza da marca.

Exemplo de benchmark talhado no concreto

Hoje em dia o significado de benchmark se ampliou e pode ser a comparação de qualquer indicador com uma referência reconhecida no mercado. No caso de investimentos, temos como exemplos de benchmarks o índice Bovespa, taxa Selic, CDI e outros. Não é objetivo desse post dizer da importância de comparar a sua carteira com algum benchmark, pois isso a maioria dos investidores já tem noção. O objetivo é mostrar que tão ruim quanto não ter um benchmark é adotar o benchmark errado para medir a sua carteira.

Para ilustrar o que quero dizer, imagine um criador de cães com cachorros de várias raças. Ele faz vários cruzamentos entre as raças e surgem vários filhotes. Em função disso, os filhotes são de todos os tipos de misturas, mas uma coisa o criador tem certeza, todos os filhotes são cachorros. Agora imagine outro criador, mas de gatos, com várias raças também e que do cruzamentos dessas raças surgem vários filhotes de todos os tipos. Esse criador também tem certeza que toda a ninhada é de gatos, por mais diferentes que eles sejam. Vou falar o óbvio agora: de cachorro só se tira cachorro e de gato só gato!

Não, isso não é possível!

Não entendeu onde quero chegar? Se você tem uma carteira de investimento composta por cães títulos do tesouro direto, seu benchmark deve ter a mesma natureza, portanto a taxa Selic ou CDI, e não o índice Bovespa. Até aí dúvido que alguém discorde de mim. Porém, pela mesma lógica, se a sua carteira é composta somente de ações, o seu benchmark pode ser o índice bovespa, porém JAMAIS a taxa Selic ou CDI. Agora aposto que já tem vários se remexendo na cadeira e discordando de mim. Explico: a adoção de benchmark é para medir algo e medir uma carteira de ações com o CDI não se está medindo nada.

Vou dar um exemplo, que é extremo, mas ilustra bem o ponto. Imagine alguém com 100% da carteira com ações e cuja meta seja CDI + 6% ao ano.  Daí no ano de 2008 a carteira dele amargou uma queda de 10%. O CDI em 2008 foi de 12,3%, então a meta dele era 18,3%. Portanto ele passou longe da meta. Mas será que ele foi mal mesmo? 

Lembrando que ele só tem ações, a comparação pode ser com o índice Bovespa, que em 2008 caiu 43%. Vendo agora ele não parece que foi tão mal, não é? Não tenho esses dados, mas de todos os fundos de ações (FIA) existentes no Brasil, quantos conseguiram perder menos de 10% em 2008? Aposto que nosso investidor ficaria muito bem ranqueado.

Vamos continuar com a ilustração. Chega 2009 e o nosso investidor obteve no final do ano com sua carteira de ações um rendimento de 25%. O CDI em 2009 foi 9,9%, portanto a meta era 15,9%. Ele bateu bem a meta. Deve estar todo feliz. Porém em 2009, o índice Bovespa rendeu 83%!  Tivesse ele aplicado no BOVA11, ele tinha 70% sem se estressar com nada. Você ainda concorda com ele de que ele foi bem?

Veja que a adoção do benchmark errado levou a conclusões invertidas nos dois casos, só gerando ruído. Eu disse que ele poderia, e não deveria, comparar sua carteira com o índice Bovespa, porque se ele tivesse uma carteira de ações de small caps, ele poderia, caso quisesse mais precisão, comparar com índice Small Cap. Ou o índice Dividendos, se fosse o caso.

A minha carteira só tem ações e muitas são de small caps. Mas prefiro comparar com o índice Bovespa, pois esse é o mais representativo e com maior série histórica.

Da mesma forma, quem tem uma carteira de FIIs tem que comparar com o IFIX, nem CDI nem IBOV.

Mas a minha carteira tem um pouco de cada, como que eu faço? Meça o rendimento de cada classe de investimento com o benchmark apropriado, para ver como cada classe está performando, e depois para a carteira toda faça um índice combinado dos benchmarks ponderado na participação de cada classe.

Quer dizer então que se só tenho uma classe de ativos não devo olhar os outros benchmarks? Não é isso. Tem que olhar também, mas para avaliar se compensa migrar parte, ou o todo, para a outra classe. Imagine que a Bovespa está caindo muito, pode-se deduzir que, por correlação, qualquer combinação de investimento em ações terá como esperança, no sentido estatístico mesmo, um desempenho nessa mesma direção (assumindo apenas posições compradas). Se ao mesmo tempo o CDI está bombando, talvez seja interessante aplicar um pouco em renda fixa e aproveitar os ventos. Mas não tem nada a ver a carteira de ações caindo e concluir que está mal, porque está perdendo para o CDI, ou se iludir batendo o CDI, enquanto o Bovespa dispara na frente.
 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Rentabilidade - Fevereiro de 2013

Esse mês o resultado foi excelente. O rendimento da carteira PB foi de 3,38% contra uma queda de 3,90% do Ibovespa, o que resultou num ganho de 7,58% sobre o Ibov. Nesse sentido, esse resultado conseguiu inclusive ser melhor que o de janeiro, que já tinha sido ótimo.

Esses dois primeiros meses do ano fizeram um colchão de rendimento que me deixou muito confortável em relação a minha meta de 0,80% acima do Ibov por mês, colocando-me 12 meses a frente da meta.


Houve um acréscimo da carteira em R$ 3.000,00. Os destaques positivos do mês foram bema3 com 23% (somos sócios nessa Mobral!), cgra4 com 14%, mrve3 com 11% e card3 com 10%. Os destaques negativos foram sapr4 com -12% e autm3 com -7%.

Recebi só R$ 85,00 de proventos vindos de abcb4. Recebi direitos de subscrição de pine4, porém virou pó antes que eu vendesse. Novamente não aportei nada esse mês.

Veja a carteira de fechamento de mês:


Nesse mês vendi ggbr3 e goau3, ambas com prejuízo. Os balanços ruins dessas empresas combinado com o momentum fraco fez com que meu sistema de compra e venda desse venda para essas duas.

Com o dinheiro dessas vendas reforcei posição em bbas3, pine4 e dayc4 e consegui comprar criv4 (oh ativo arisco, levei vários dias para conseguir fisgá-lo), que agora faz parte do dream team.

Em março volto às compras com o aporte que vou fazer já que a safra de balanços está acabando. Vou girar bem a carteira com muitas compras e vendas.

Sucesso a todos!